Como manter a saúde mental em meio ao estresse no trabalho

Recentemente, diferentes manchetes nos meios de comunicação despertaram a atenção do público para um tema que não costumava ser abordado diretamente: a saúde mental. Com o foco nessa questão, outros assuntos também ganharam notoriedade, como o estresse no trabalho.

No início de 2017, uma funcionária de uma empresa norte-americana avisou sua equipe que iria faltar ao trabalho para cuidar de sua saúde mental. O CEO da empresa a parabenizou pela atitude, reconhecendo a importância do tratamento. A resposta do chefe viralizou nas redes sociais.

Afinal, o que é saúde mental?

Durante muitos anos, o termo “doença mental” foi associado a níveis extremos de perda da consciência e autonomia, dando a entender que uma pessoa doente mental era, necessariamente, alguém que havia perdido completamente a lucidez. Por isso, o termo ganhou conotação pejorativa, o que prejudica o tratamento.

Antes de mais nada, é importante lembrar que nossa mente faz parte do nosso corpo. Portanto, é parte de um conjunto biológico, formado por células, tecidos e órgãos, que podem adoecer por inúmeros motivos. Não há, portanto, razão para menosprezar a saúde mental.

Situação no Brasil e no mundo

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais depressivo da América Latina. Ainda de acordo com a OMS, já em 2016, 75 milhões de trabalhadores foram afastados de seus postos de trabalho pela doença em todo mundo.

A situação hoje piorou e os números cresceram ainda mais. Diante de um quadro tão preocupante, as empresas precisam começar a repensar a forma como lidam com essa e outras doenças oriundas do estresse no trabalho, como a síndrome de burnout.

Quais as principais causas de sofrimento psíquico referente ao trabalho?

Esse tipo de sofrimento psíquico se relaciona com as experiências dolorosas vivenciadas pelo colaborador, originadas pelo ambiente de trabalho, direta ou indiretamente. Assim, angústia, medo e ansiedade, por exemplo, podem ser resultantes de conflitos laborais ou corporativos.

De modo geral, um clima organizacional impróprio costuma estar por do estresse no trabalho. A observação mais atenta, porém, vai apontar entre suas principais causas fatores como os mostrados a seguir.

Ritmo acelerado

Muitas organizações, pela natureza de sua atividade e pelas diretrizes de gestão impostas, operam em ritmos muito acelerados com vista a alcançar os resultados que julgam necessários. A competitividade entre as empresas, assim como demandas muito elevadas, faz com que adotem rotinas estressantes.

Essas rotinas, por sua vez, afetam diretamente o bem-estar dos colaboradores, que precisam operar constantemente em intensa atividade. Ritmos assim desenvolvem rapidamente situações de estresse no trabalho, que tende a ser cumulativo pela permanência das circunstâncias.

Exigências de produtividade inalcançáveis

Quando uma empresa opera fora de sua realidade, acaba por implantar metas inalcançáveis em seu planejamento. Assim, para que tudo esteja certo e adequado “no papel”, corre-se atrás de resultados praticamente inatingíveis, deixando sempre um sentimento de frustração, apesar dos esforços implementados e dos desgastes resultantes.

A autoestima decresce à medida que as metas não são atingidas pela equipe. Ao mesmo tempo, cresce a insatisfação com as lideranças responsáveis pela imposição de valores e prazos fora da realidade.

Chefias autoritárias

A existência de chefias autoritárias é traço da má gestão de muitas organizações e responsável por diferentes danos internos. Destaca-se a insatisfação dos colaboradores com o desempenho de chefias autoritárias, muitas vezes causando um clima organizacional desequilibrado e danoso.

Ausência de reconhecimento

Um dos principais fatores de engajamento em uma empresa é o reconhecimento pelos resultados apresentados por um colaborador. Quando a dedicação e o esforço não são sequer notados, o estrago emocional é muito grande e induz a sentimentos depreciativos que afetam a autoestima dos funcionários.

Como essas questões impactam a organização?

As diferentes causas de sofrimento psíquico no trabalho alteram a condição operacional e o desempenho cognitivo do colaborador. A insatisfação gerada dificulta ainda mais o engajamento, especialmente quando começa a estimular um sentimento contrário: o de não pertencimento.

Tudo isso impacta negativamente a organização e não pode ser desconsiderado pelos gestores. Veja, a seguir, os principais efeitos negativos que promove.

Maior absenteísmo

Quanto mais a saúde mental do colaborador é afetada, maior é a perda da força do engajamento. Com isso, o desestímulo às atividades laborais facilmente leva às faltas e, logo, ao afastamento, fazendo com que as taxas de absenteísmo alcancem patamares mais elevados.

O impacto do absenteísmo, no entanto, não é estático, uma vez que provoca desdobramentos que vão afetar operacional e financeiramente a empresa. Assim, surgem demandas de reposição e treinamento de colaboradores, gastos com tratamentos de saúde e custos de medicamentos.

Dificuldades de relacionamento

O estresse no trabalho provoca introversão do indivíduo e tendência ao isolamento. Essa condição costuma fazer surgir — ou aumentar quando já existentes — as dificuldades de relacionamento entre os membros da equipe e, sobretudo, destes com a chefia.

Atritos podem ser o ápice dessas dificuldades, mas afetam, antes, o próprio desempenho da equipe. A fragilidade de um, dependendo da atividade, pode ser limitante para os resultados de todo o time.

Degradação do clima organizacional

Um grande dano provocado pela ausência de cuidados com a saúde mental junto aos colaboradores é a instalação de um processo crescente de degradação do clima organizacional. Este, por sua vez, retroalimenta o sofrimento psíquico que lhe deu origem, desenvolvendo uma situação que precisa ser solucionada.

Os danos vão depender da intensidade, que será maior quanto mais tempo persistir o desequilíbrio. Podem ser citados, entre outros, a perda de talentos e o crescimento do turnover na empresa.

Perda de produtividade

O resultado dos impactos anteriores é a perda de produtividade global da organização, uma vez que os desempenhos individuais e das equipes vão decrescendo. Nessas condições, é necessário cuidar da realidade que se instala, por meio do diagnóstico das suas causas específicas e da implantação de um programa de saúde mental.

Quando se detecta a perda de produtividade, pode-se concluir que houve um abalo na saúde mental. Essa condição requer medidas mais urgentes para recuperação da normalidade, como ações que prezem pelo bem-estar do colaborador.

Como sua empresa pode lidar com o estresse no trabalho?

Assim como as empresas têm brigadas de incêndio e funcionários treinados para manter o ambiente de trabalho seguro, é importante que os líderes passem a considerar a importância da saúde mental na organização. É preciso pensar em formas de melhorar os postos de trabalho para evitar transtornos mentais.

Dependendo do segmento considerado, essa é uma tarefa que pode exigir mudanças diversas, mas, principalmente, na postura das lideranças. O relacionamento da organização com o colaborador se personaliza na figura dos líderes locais.

Por sua vez, a maneira como um líder se comunica com os membros de sua equipe pode colaborar para um agravamento de um quadro de ansiedade e depressão, por exemplo. Além disso, uma comunicação agressiva pode caracterizar assédio moral.

Pior ainda, pode se constituir no estopim que fará o colaborador passar a ver seu trabalho de forma negativa. Com isso, o indivíduo pode associar o seu trabalho às emoções ruins, impactando diretamente sua saúde e suas atividades.

Não se trata de minimizar a liderança e fazê-la conivente com malfeitos, mas tornar o processo de feedback mais eficiente, fazendo com que ele solucione o problema, em vez de criar mais equívocos. Por isso, é importante adotar algumas práticas para conquistar a saúde mental em meio ao estresse do trabalho. Acompanhe a seguir como esse processo pode ser garantido.

Escolha os líderes com atenção

Os colaboradores que ocupam funções de liderança são estrategicamente importantes na condução de um programa de saúde mental na organização. E, mesmo antes de um programa implantado, sua atuação tem importante papel na qualidade dos relacionamentos.

Por essa razão, é preciso dar ao processo de escolha de líderes a devida atenção. Esse profissional deve merecer o posto, em caso de promoção, mas também precisa ter o perfil adequado para o cargo: um indivíduo conciliador, que consiga transmitir tarefas com clareza e cobrar com eficiência.

Prepare um treinamento que combate o estresse no trabalho

As qualidades próprias do profissional precisam ser adequadas e, desse modo, é muito importante que a empresa o prepare para lidar com situações desafiadoras. Desse modo, será capaz de intervir no trabalho da equipe, sem que isso gere estresse, evitando contribuir para o agravamento de problemas de saúde dos funcionários.

Leve em conta que a liderança deve estar consciente da importância de sua atuação para a construção de um clima organizacional equilibrado e saudável. A organização deve capacitar esses colaboradores para o desempenho dessa atribuição.

Crie um protocolo para lidar com doenças mentais

É importante que a empresa entenda o que deve ser feito nesses casos a fim de estar preparada para lidar com os aspectos burocráticos dos afastamentos. Em alguns casos, o profissional não conta com vitalidade para lidar com as demandas, enquanto, em outras situações, pode se sentir inibido por se afastar devido à doença.

Quando a empresa já tem um protocolo para lidar com essa situação, os profissionais de Recursos Humanos, por exemplo, já sabem orientar o trabalhador. A relação pode ser construída com agilidade no caso de afastamento por saúde.

Inclua as doenças mentais nos primeiros socorros

Se um de seus colaboradores tivesse um infarto, o que você faria? Do mesmo modo, questione-se se seu negócio está preparado para lidar com um profissional com dificuldades de respirar, devido a uma crise de ansiedade.

As doenças mentais são cada vez mais comuns. Por isso, é necessário saber como ajudar pessoas nessas condições enquanto a ajuda médica está a caminho. Empresas especializadas já promovem cursos de Primeiros Socorros em Saúde Mental.

Evite tratar o problema como algo exótico

Considere, por exemplo, uma ocorrência de tropeço e queda no ambiente de trabalho provocando o riso dos colegas que assistiram. Em pouco tempo, os comentários podem originar situações de constrangimento para o acidentado.

Por sua vez, imagine esse constrangimento tendo como causa uma crise de choro. Pode ser por ansiedade ou em razão de resultados negativos de uma tarefa, em razão de estresse no trabalho enfrentados pelo colega.

Em hipótese alguma incentive comportamentos que tratem doenças mentais como algo exótico, que mereça atenção de toda a empresa. Isso inibe o doente de procurar ajuda e faz com que ele se sinta humilhado.

Não minimize as doenças

Confundir depressão com tristeza, ou ansiedade com nervosismo ainda é comum. No ambiente profissional, no entanto, essa tendência deve ser evitada e combatida com informação adequada e séria.

Evite os erros mais comuns no trato das doenças mentais: dizer a alguém em estado de depressão que o que ela tem “não é nada” não oferece ajuda, não consegue curá-la da doença, mas apenas a ofende.

Por se tratar de vícios de linguagem, é importante que gestores estejam atentos e reavaliem os termos utilizados, com vistas à construção de uma comunicação mais respeitosa e empática. São pequenas preocupações que, ao serem consideradas, têm grandes resultados.

Respeite os horários de pausa

A mente e o corpo podem muito mais do que parece, se lhes é permitido o desfrute de intervalos entre tarefas. Assim, oriente os colaboradores para que aproveitem suas pausas para descanso, evitando levar tarefas do trabalho para esses momentos. Trata-se de prática que não permite o descanso e, além disso, estressa.

O horário de almoço deve ser usado para saborear uma agradável refeição, e não para debater relatórios. Desse modo, após as pausas, o colaborador volta ao posto relaxado e mais disposto para retomar suas funções.

Evite o uso de redes sociais na empresa

Existem muitos artigos científicos demonstrando a relação entre o uso de redes sociais e doenças mentais. Levando em consideração que os colaboradores passam cerca de oito horas no trabalho, esse período pode ser usado para evitar o contato com esses sites.

Além disso, em um momento de intensa polarização política no Brasil, as redes sociais podem fazer com que colegas de trabalho com posições distintas se desentendam, o que contribui para um ambiente agressivo e propício à incidência de doenças mentais.

Ademais, bloquear o acesso a esses sites pode ajudar os profissionais a se tornarem mais produtivos, melhorando sua autoestima. Medidas nesse sentido devem ser tomadas precedidas de orientação e esclarecimento dos fatos que as motivam.

Crie um programa de incentivos

Mostrar aos seus funcionários que eles são valorizados fará com que se sintam melhores como profissionais. Isso os ajuda a associar à empresa os aspectos positivos, o que contribui para a saúde mental e reforça o engajamento.

Dessa forma, é possível minimizar a carga negativa de uma meta que precisa ser batida, ou de um projeto com prazo apertado. Atente-se, apenas, ao fato de que essa iniciativa tem como objetivo valorizar os profissionais e não incentivar a competitividade destrutiva.

Incentive a gratidão

É comum que os trabalhadores vejam apenas pontos negativos da empresa, como se o trabalho fosse o responsável por todos os seus problemas. Procure mostrar o quanto sua atividade laboral na empresa pode ajudá-los a alcançar metas pessoais e melhorar suas vidas.

Converse com profissionais com mais tempo de casa para buscar casos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas positivamente pela companhia. Resgate essas experiências positivas e comente sobre elas sempre que tiver oportunidade.

É certo que olhar o mundo com gratidão faz com que o estresse se reduza, o que melhora o quadro de pessoas com doenças mentais. Esse é um exercício simples, comumente proposto por psicólogos na abordagem pessoal.

Incentive a meditação

A prática meditativa, como o Mindfulness, vem sendo incentivada nos últimos anos devido aos resultados de estudos que comprovam sua eficácia no tratamento de doenças mentais. Especialistas sugerem que são necessários apenas cinco minutos de prática diária para que resultados significativos sejam observados.

A organização pode considerar disponibilizar esse tempo para que os profissionais se exercitem na meditação. A prática pode realmente ajudar a melhorar a produtividade da equipe, fazendo com que os colaboradores consigam se livrar de experiências negativas do trabalho.

Existem muitos vídeos de meditação guiada na internet que podem ser ouvidos em grupo. Na verdade, a prática é simples de aprender, com métodos fáceis de serem praticados, sem a necessidade de qualquer recurso além de um pequeno intervalo de tempo para tal.

Estimule hábitos saudáveis

A alimentação tem um papel importante no tratamento de doenças mentais. Um dos sintomas de depressão é a alteração no apetite. Sabendo que todos os nutrientes que nosso corpo precisa são obtidos por meio daquilo que comemos, é interessante que a empresa inclua em seu cardápio refeições saudáveis.

Além de ajudar a melhorar a saúde mental, essa prática poderá reduzir a incidência de outras doenças, como pressão alta e diabetes. Nesse sentido, é essencial complementar com orientações direcionadas para uma reeducação alimentar.

Outra dica importante é incentivar práticas esportivas, como o alongamento, que inicialmente deve ser dirigido. Apenas cerca de trinta minutos, algumas vezes por semana, já são suficientes para que seus colaboradores realizem tais práticas.

Como vimos, a saúde mental em meio ao estresse no trabalho é um assunto sério, que precisa de atenção das empresas. Doenças relacionadas a esse aspecto da saúde vêm afetando a realidade profissional de milhões de pessoas em todo o mundo, e as organizações apresentam um importante papel na solução. Cabe aos gestores buscarem práticas saudáveis e eficazes no trato desse tema.

Fonte: https://beecorp.com.br/estresse-no-trabalho/

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